Li recentemente algumas críticas à divisão estanque do exercício das quatro habilidades no aprendizado de línguas. Mas não é um problema trabalhá-las separadamente, pois, geralmente, é assim que nos comunicamos, priorizando uma habilidade a cada vez.
Leitura → escuta → escrita → fala
Quais são as quatro habilidades essenciais necessárias ao aprendizado de uma língua estrangeira? Ler/escrever e ouvir/falar. E, dependendo do seu objetivo, você deve escolher atividades que reforcem a habilidade diretamente ligada a ele; mas não apenas.
Passiva/ativa e oral/escrita
Por exemplo, se você precisa aprender a escrever relatórios, deve intensificar o exercício da escrita (ativa), mas não pode, de jeito nenhum, esquecer de trabalhar a leitura (passiva), pois é através dela que você vai aumentar o seu vocabulário e a sua compreensão das estruturas de uma frase. Se você não tiver vocabulário, como poderá escrever?
Da mesma forma, se você quer aprender a falar, porque vai viajar para outro país (para fazer turismo, um curso, ou para trabalhar), deve passar primeiro pela escuta, e escuta mais centrada no seu objetivo.
É simples: primeiro as habilidades passivas (mais fáceis), depois as ativas.
Deve fazer essas atividades exclusivamente? De maneira nenhuma; é aí que entram as outras habilidades – as não essenciais, mas desejáveis: seu humor, sua capacidade de relaxar, de sentir curiosidade, sua capacidade de investigação… Nos intervalos do estudo mais sério, leia, escute música, veja um filme, procure fofocas na internet.
Se exigir demais de você mesmo e tiver um foco muito restrito, pode perder muita coisa boa no caminho. O aprendizado é uma viagem longa, então é melhor apreciar a paisagem.
Para ver o 1º e-book sobre as habilidades linguísticas, “Introdução”, clique aqui.
Alguns exemplos de atividades separadas
A leitura do Le Figaro é passiva e ligada à escrita, ou seja
– aumenta seu vocabulário,
– sua capacidade de compreensão,
– e se encaixa em uma comunicação mais formal.
Já soltar a voz acompanhando a letra de Bal populaire, do grupo Les Vieilles Pies, é um treinamento ativo (você está falando) e melhora
– sua fluência,
– sua pronúncia,
– sua memória,
em um contexto bem mais informal; sem contar que aumenta sua cultura da francofonia e descontrai.
Alguns exemplos de atividades integradas
Se você não tem nenhum objetivo nem prazo definidos, ou seja, não tem pressa, sugiro ir na ordem e começar pelas passivas (leitura e escuta), acrescentar o treinamento das ativas (escrita e fala), e em seguida começar a fazer treinamentos cruzados, como os destas sugestões:
- Falar de um livro que leu. Você reutiliza o vocabulário e estruturas, mas de uma maneira mais leve (para encontrar livros gratuitos on-line: livres).
- Escrever sobre um filme que viu. Filmes costumam ter uma linguagem bem mais do quotidiano, e ao escrever você grava essa linguagem básica. Uma terceira atividade, nesse caso, pode ser ler a crítica ou o resumo em sites especializados (allocine) – ou nem tanto (wikipedia-cinema).
- Ler a crítica ou a análise de uma música de que gostou (wkpd-chanson).
- Ouvir a gravação de um poema que você conhece ou mesmo de um livro, quer você o tenha lido ou não. Dependendo do seu tempo disponível, pode ser só um trecho ou o livro inteiro (poèmes ou livres enregistrés).
- E, lance supremo e delícia dos seus futuros souvenirs de aula: gravar um poema e mandar para o seu professor ouvir e comentar. Ou seus comentários sobre o poema.
Métodos convencionais
Não menospreze os exercícios de gramáticas e métodos. Por exemplo, na gramática que uso com os iniciantes, no fim de quase toda lição há um exercício simples em que se deve escrever um texto curto usando o vocabulário e a gramática vistos naquelas páginas.
É um ótimo treinamento: leve, descompromissado, não estressante, dirigido.
Também não se deve temer esses exercícios, porque você pode, e deve, “colar”. Sim, é isso mesmo que você leu! Quer se trate de uma gramática, de um livro de vocabulário, de um método, ou de um arquivo proposto pelo seu professor, se a teoria está ali, é para ser consultada. Olhe mesmo! Copie! a estrutura, o vocabulário, e vá alterando uma ou outra coisa para poder falar da sua realidade, transformando um exercício no seu depoimento.
Atenção!
Alguns alunos acreditam que fazendo um esforço para tentar lembrar a teoria que acabaram de ver vão aprender mais rápido. Como poderia ser? Leram a teoria apenas uma vez! Na verdade, é nesse ir e vir — reler a teoria, fazer o exercício, às vezes errando, relendo a teoria e corrigindo – que se acaba realmente entendendo o que se está estudando.
Para escolher seu material de treinamento, consulte a página Melhores sites. Por enquanto, deixo as sugestões da música Bal populaire1 (alunos iniciantes/intermediários) e a leitura do Le Figaro (alunos avançados).